segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Da primavera Árabe ao Ocupe Wall street


Estamos assistindo um vendaval de críticas às práticas do capitalismo financeiro que se alastra mundo afora e deixa seu rastro de destruição e um aumento crescente da pobreza. subjugando países e criando bilionários ociosos. Existe algo, um ideal, talvez, em favor de uma mudança global. Não queremos e não podemos aceitar, sem protestos, pagar a dívida de algumas centenas de ineptos e vorazes parasitas que vivem em um mundo paradisíaco, consumindo exageradamente recursos naturais e financeiros que já começam a faltar para os outros.

 A máxima do liberalismo, de que uma nação só ganha quando outra, ou outras como no nosso caso, perde. Entretanto, em se tratando de pessoas quando se perde, perdemos todos, pois, o mundo não está globalizado? Enquanto aqueles que só querem ganhar sempre, vivem como pássaros ariscos de um lado para o outro do mundo, descapitalizando aqui para receberem as benesses de um governo ou de outro, sem se importar com o estrago que deixaram. Tudo isto, porque é assim que se ganha mais dinheiro; e, ganhar dinheiro é tudo o que interessa a estes “grandes homens” cooptados com o capital, grifo “grandes homens”, por ironia, pois, tratamo-os como grandes porque medimos seus pedestais, ou seja, suas mansões, seus iates, seus aviões particulares e toda soma de bens que podem amealhar.

A cínica política globalizante prega, mas não cumpre; não vemos, por exemplo, nos países ricos, o fim das restrições aos produtos importados, tampouco a liberdade de ir e vir como cidadãos do mundo, cidadãos também globalizados.

Outros apelam para a desarticulada máquina pública pseudo-socialista para usufruírem de lucros fantásticos. A máxima é a mesma: o que milhões perdem alguns capitalistas ou pseudo-socialistas ganham à vontade. É tão fácil como tirar doce de criança. Basta, por exemplo, pegar o que sobrou da infraestrutura da china comunista untar as peças com o sangue do povo chinês e colocar a engrenagem para girar a trabalhar para o mercado. Para este povo, não existem sindicatos ou qualquer outra associação a quem possam recorrer. Aproveitadores impunham bandeira de empreendedores, salvadores e benfeitores do povo, vangloriam-se dizendo pagar aos operários cerca de dez vezes mais do que ganhavam antes, mas, ainda pagam uma miséria em salários.

Lutar contra um regime baseado na cobiça, fomentado pelo egoísmo e fundamentado no individualismo, é algo indigesto. Todo o aparato jurídico embainha a espada do capitalista, afinal as elites burguesas são sempre revolucionárias, no ponto de vista de perpetuar seu status quo e impor um modus vivendi ditado pelos impacientes ponteiros dos cronômetros na produção de riquezas que não compartilham senão entre os seus pares usufruindo daqueles que nada têm a não ser sua força vivente para vender.

Entretanto, temo que os movimentos não resistam às maquinações capitalistas, como aconteceu nas revoluções inglesa e francesa, nos séculos XVII e XVIII, que limparam os resquícios do antigo regime feudal. As elites estão sempre alerta e dispõem de grande aparato ideológico e bélico para dominação além de ser a quase única classe que recebe uma educação de qualidade hoje em dia.

O modo capitalista de produção altera-se rapidamente com o auxílio do aparato tecnológico que promove um grande avanço das forças produtivas, seguindo ainda de um mecanismo de vigilância ininterrupta sobre a produção. Segue-se à estas mudanças, as relações sociais; semelhantemente os mecanismos de usurpação do sobre-trabalho alteram-se com tais relações para formas cada vez mais abstratas e inusitadas. Há um exército de pessoas que acreditam profundamente que as coisas mudam e que a realidade que se apresenta deve ser aceita e devemos “adaptar-nos ou sucumbiremos a ela”. Quando vejo um jovem graduado e pós-graduado repetindo este jargão sinto-me terrivelmente sem esperanças – esses não são os jovens que queríamos que legassem o mundo; por outro lado, nós falhamos, a cada dia, em fazermos nossa parte, principalmente o brasileiro que é um povo de uma doçura e servilismo inigualáveis –, queremos jovens polêmicos, contestadores da ordem imposta, nada de vândalos ou profetas do apocalipse, mas, que gritam e retrucam quando as engrenagens do sistema começam a esmaga-los.

Devemos estar sempre atentos, como já disse, pois, as elites têm um grande aparato ideológico ao seu lado e não hesitarão em usá-lo, não temerão em perder seus caros anéis para protegerem os dedos.

Temo, ainda, que a ordem atual seja retomada logo que findarem os manifestos. Foram séculos de modelagem sob o jugo do capital e, caso não mudemos primeiro dentro de nós, não mudaremos o sistema, faremos diferente, sim, temos os recursos para recuperarmos o que já destruímos e até acabar com a fome do mundo, porém, não o faremos, enquanto estivermos agrilhoados ao “EU” às modernas parafernálias – não acredito que da noite para o dia, joguemos nossos notebooks fora e sairemos para cuidar de um mendigo ou de alguém que precisa de nós. Não acredito que compartilharemos nossos condomínios, nossos apartamentos extras, nossos carros extras com outros que estão recomeçando suas vidas.

Este é o tom da mudança que deve ser seguido se quisermos mesmo uma nova ordem, justa, e que seja para todos. Que cada um nós dê ao outro o que ele precisa para viver. Que o homem deixe sua nacionalidade de lado e torne-se apenas homem. O que acredito está muito além das “Revoluções” que estão acontecendo.

Quando os homens estiverem brigando por um pouco de lama podre e fétida teremos alcançado toda a nossa potencialidade destruidora, será a coroação da ganância que a racionalidade pôde conceber.
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Referências:

“Ocupe Wall Street” é diferente dos protestos da década de 90, escrito por Naome Klein, trad. Paulo Migliacci. Folha de S.Paulo, 16 de outubro de 2011, seção Mundo. p. A16.

A Revolução Capitalista na China, documentário apresentado no canal Management TV, rede SKY.

2 comentários:

  1. Seu texto é muito bom, essa práticas do capitalismo com certeza só está aumentando a pobreza e criando bilionário ociosos. A ganância é a propria destruição do homem. Um abraço e ótima semana.

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  2. Texto com excelentes colocações...


    Com o desenvolvimento do capitalismo, intensificou-se a exploração dos recursos naturais utilizados como matéria-prima no processo de industrialização, suas consequencias desastros aumenta a pobreza deivando a maioria das pessoas ociosas, com um alto nivel de depressão e sem falar na falta de alimentos que asssola nosso planeta...

    bj

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