Estamos
assistindo um vendaval de críticas às práticas do capitalismo financeiro que se
alastra mundo afora e deixa seu rastro de destruição e um aumento crescente da
pobreza. subjugando países e criando bilionários ociosos. Existe algo, um ideal, talvez, em favor de uma mudança global. Não
queremos e não podemos aceitar, sem protestos, pagar a dívida de algumas
centenas de ineptos e vorazes parasitas que vivem em um mundo paradisíaco,
consumindo exageradamente recursos naturais e financeiros que já começam a faltar
para os outros.
A máxima do liberalismo, de que uma nação só
ganha quando outra, ou outras como no nosso caso, perde. Entretanto, em se
tratando de pessoas quando se perde, perdemos todos, pois, o mundo não está
globalizado? Enquanto aqueles que só querem ganhar sempre, vivem como pássaros
ariscos de um lado para o outro do mundo, descapitalizando aqui para receberem
as benesses de um governo ou de outro, sem se importar com o estrago que
deixaram. Tudo isto, porque é assim que se ganha mais dinheiro; e, ganhar
dinheiro é tudo o que interessa a estes “grandes homens” cooptados com o
capital, grifo “grandes homens”, por ironia, pois, tratamo-os como grandes
porque medimos seus pedestais, ou seja, suas mansões, seus iates, seus aviões
particulares e toda soma de bens que podem amealhar.
A cínica
política globalizante prega, mas não cumpre; não vemos, por exemplo, nos países
ricos, o fim das restrições aos produtos importados, tampouco a liberdade de ir
e vir como cidadãos do mundo, cidadãos também globalizados.
Outros
apelam para a desarticulada máquina pública pseudo-socialista para usufruírem
de lucros fantásticos. A máxima é a mesma: o que milhões perdem alguns
capitalistas ou pseudo-socialistas ganham à vontade. É tão fácil como tirar
doce de criança. Basta, por exemplo, pegar o que sobrou da infraestrutura da
china comunista untar as peças com o sangue do povo chinês e colocar a
engrenagem para girar a trabalhar para o mercado. Para este povo, não existem
sindicatos ou qualquer outra associação a quem possam recorrer. Aproveitadores
impunham bandeira de empreendedores, salvadores e benfeitores do povo,
vangloriam-se dizendo pagar aos operários cerca de dez vezes mais do que
ganhavam antes, mas, ainda pagam uma miséria em salários.
Lutar
contra um regime baseado na cobiça, fomentado pelo egoísmo e fundamentado no
individualismo, é algo indigesto. Todo o aparato jurídico embainha a espada do
capitalista, afinal as elites burguesas são sempre revolucionárias, no ponto de
vista de perpetuar seu status quo e impor um modus vivendi ditado pelos
impacientes ponteiros dos cronômetros na produção de riquezas que não
compartilham senão entre os seus pares usufruindo daqueles que nada têm a não
ser sua força vivente para vender.
Entretanto,
temo que os movimentos não resistam às maquinações capitalistas, como aconteceu
nas revoluções inglesa e francesa, nos séculos XVII e XVIII, que limparam os
resquícios do antigo regime feudal. As elites estão sempre alerta e dispõem de
grande aparato ideológico e bélico para dominação além de ser a quase única
classe que recebe uma educação de qualidade hoje em dia.
O modo
capitalista de produção altera-se rapidamente com o auxílio do aparato
tecnológico que promove um grande avanço das forças produtivas, seguindo ainda
de um mecanismo de vigilância ininterrupta sobre a produção. Segue-se à estas
mudanças, as relações sociais; semelhantemente os mecanismos de usurpação do
sobre-trabalho alteram-se com tais relações para formas cada vez mais abstratas
e inusitadas. Há um exército de pessoas que acreditam profundamente que as
coisas mudam e que a realidade que se apresenta deve ser aceita e devemos “adaptar-nos
ou sucumbiremos a ela”. Quando vejo um jovem graduado e pós-graduado repetindo
este jargão sinto-me terrivelmente sem esperanças – esses não são os jovens que
queríamos que legassem o mundo; por outro lado, nós falhamos, a cada dia, em
fazermos nossa parte, principalmente o brasileiro que é um povo de uma doçura
e servilismo inigualáveis –, queremos jovens polêmicos, contestadores da ordem
imposta, nada de vândalos ou profetas do apocalipse, mas, que gritam e retrucam
quando as engrenagens do sistema começam a esmaga-los.
Devemos
estar sempre atentos, como já disse, pois, as elites têm um grande aparato
ideológico ao seu lado e não hesitarão em usá-lo, não temerão em perder seus caros
anéis para protegerem os dedos.
Temo,
ainda, que a ordem atual seja retomada logo que findarem os manifestos. Foram
séculos de modelagem sob o jugo do capital e, caso não mudemos primeiro dentro
de nós, não mudaremos o sistema, faremos diferente, sim, temos os recursos para
recuperarmos o que já destruímos e até acabar com a fome do mundo, porém, não o
faremos, enquanto estivermos agrilhoados ao “EU” às modernas parafernálias –
não acredito que da noite para o dia, joguemos nossos notebooks fora e sairemos
para cuidar de um mendigo ou de alguém que precisa de nós. Não acredito que compartilharemos
nossos condomínios, nossos apartamentos extras, nossos carros extras com outros
que estão recomeçando suas vidas.
Este é o
tom da mudança que deve ser seguido se quisermos mesmo uma nova ordem, justa,
e que seja para todos. Que cada um nós dê ao outro o que ele precisa para
viver. Que o homem deixe sua nacionalidade de lado e torne-se apenas homem. O
que acredito está muito além das “Revoluções” que estão acontecendo.
Quando os
homens estiverem brigando por um pouco de lama podre e fétida teremos alcançado
toda a nossa potencialidade destruidora, será a coroação da ganância que a
racionalidade pôde conceber.
________________________
Referências:
“Ocupe
Wall Street” é diferente dos protestos da década de 90, escrito por Naome
Klein, trad. Paulo Migliacci. Folha de S.Paulo, 16 de outubro de 2011, seção
Mundo. p. A16.
A Revolução
Capitalista na China, documentário apresentado no canal Management TV, rede
SKY.
Seu texto é muito bom, essa práticas do capitalismo com certeza só está aumentando a pobreza e criando bilionário ociosos. A ganância é a propria destruição do homem. Um abraço e ótima semana.
ResponderExcluirTexto com excelentes colocações...
ResponderExcluirCom o desenvolvimento do capitalismo, intensificou-se a exploração dos recursos naturais utilizados como matéria-prima no processo de industrialização, suas consequencias desastros aumenta a pobreza deivando a maioria das pessoas ociosas, com um alto nivel de depressão e sem falar na falta de alimentos que asssola nosso planeta...
bj