VINICIUS TORRES FREIRE
Recordar é viver: blablablá 2008
OS "LÍDERES do mundo livre", dos mercados antes liberalérrimos e outros senhores do universo estão em recesso. Ainda não há mentiras e blablablás novos para registrar. Mas recordar é viver.
Antes da nova safra de cascatas ideológicas, segue um resumo do lixo tóxico verbal de 2008 na economia. "Não acho que vamos para uma recessão." George Bush, presidente dos EUA, em março. "Os fundamentos da economia americana são fortes." John McCain, então candidato a presidente dos EUA, 17 de abril. "O pior provavelmente já passou.
Não há dúvida de que as coisas vão muito melhor agora do que em março." Henry Paulson, maio de 2008. "É bem possível que em algum momento [do ano] tenhamos um ou dois trimestres de crescimento negativo, mas recessão não é de modo algum a nossa projeção central." Mervyn King, presidente do Banco da Inglaterra (BC inglês), em maio.
"O estímulo fiscal vai dar apoio à economia enquanto enfrentamos a correção imobiliária, o tumulto nos mercados e a alta do preço da comida e do petróleo... Mas esperamos ver a economia crescer num ritmo mais forte antes do final do ano." Henry Paulson, maio de 2008.
"Não há dúvida. Wall Street tomou uma bebedeira e agora está de ressaca. A questão é por quanto tempo Wall Street vai ficar sóbria, sem mexer com esses instrumentos financeiros extravagantes", George Bush, 18 de julho. "Quando encontrar um "short seller", vou arrancar seu coração e comê-lo diante dos olhos dele, enquanto ele ainda estiver vivo", Richard Fuld, presidente do Lehman Brothers, em setembro, que atribuiu a queda de seu banco à ação de "short sellers" (quem vende ações a descoberto, sem tê-las, acreditando na baixa do papel).
"Seu banco quebrou, nossa economia está em crise, mas o senhor conseguiu manter seus US$ 480 milhões. Tenho uma pergunta muito básica para o senhor: isso é justo?" Henry Waxman, deputado americano, para Richard Fuld, em outubro. "Descobri uma falha [nos mercados livres]. Não sei quão significativa ou permanente ela é. Mas esse fato tem me angustiado", Alan Greenspan, ex-presidente do Fed (1987-2006), 23 de outubro. "No último ano [2007/8], a falta de confiança na validade dos registros contábeis de bancos (...) provocou uma maciça relutância de emprestar a eles [aos bancos] (...). Alguns dos pilares da competição de mercado falharam", Greenspan.
"Eu e outros estávamos enganados quando dissemos que a crise do "subprime" seria limitada." Ben Bernanke, presidente do Fed, o BC dos EUA, semana 25 de novembro. "Tudo era só uma grande mentira", frase atribuída a Bernard Madoff, que a teria dito em dezembro a sócios, "revelando" a fraude de US$ 50 bilhões. Madoff, 2007: "No ambiente regulatório de hoje, é virtualmente impossível violar regras". "Sabe, sou o presidente [nesse período de crise]. Mas acho que, quando escreverem a história deste período, as pessoas vão ver que um monte de decisões foi tomado em Wall Street há uma década, por aí, antes que eu fosse presidente, quando eu estava chegando ao governo", George Bush, 1º de dezembro.
vinit@uol.com.br
Recordar é viver: blablablá 2008
Mentiras, confissões e algumas frases mais notórias dos líderes da economia do "mundo livre" no ano passado |
OS "LÍDERES do mundo livre", dos mercados antes liberalérrimos e outros senhores do universo estão em recesso. Ainda não há mentiras e blablablás novos para registrar. Mas recordar é viver.
Antes da nova safra de cascatas ideológicas, segue um resumo do lixo tóxico verbal de 2008 na economia. "Não acho que vamos para uma recessão." George Bush, presidente dos EUA, em março. "Os fundamentos da economia americana são fortes." John McCain, então candidato a presidente dos EUA, 17 de abril. "O pior provavelmente já passou.
Não há dúvida de que as coisas vão muito melhor agora do que em março." Henry Paulson, maio de 2008. "É bem possível que em algum momento [do ano] tenhamos um ou dois trimestres de crescimento negativo, mas recessão não é de modo algum a nossa projeção central." Mervyn King, presidente do Banco da Inglaterra (BC inglês), em maio.
"O estímulo fiscal vai dar apoio à economia enquanto enfrentamos a correção imobiliária, o tumulto nos mercados e a alta do preço da comida e do petróleo... Mas esperamos ver a economia crescer num ritmo mais forte antes do final do ano." Henry Paulson, maio de 2008.
"Não há dúvida. Wall Street tomou uma bebedeira e agora está de ressaca. A questão é por quanto tempo Wall Street vai ficar sóbria, sem mexer com esses instrumentos financeiros extravagantes", George Bush, 18 de julho. "Quando encontrar um "short seller", vou arrancar seu coração e comê-lo diante dos olhos dele, enquanto ele ainda estiver vivo", Richard Fuld, presidente do Lehman Brothers, em setembro, que atribuiu a queda de seu banco à ação de "short sellers" (quem vende ações a descoberto, sem tê-las, acreditando na baixa do papel).
"Seu banco quebrou, nossa economia está em crise, mas o senhor conseguiu manter seus US$ 480 milhões. Tenho uma pergunta muito básica para o senhor: isso é justo?" Henry Waxman, deputado americano, para Richard Fuld, em outubro. "Descobri uma falha [nos mercados livres]. Não sei quão significativa ou permanente ela é. Mas esse fato tem me angustiado", Alan Greenspan, ex-presidente do Fed (1987-2006), 23 de outubro. "No último ano [2007/8], a falta de confiança na validade dos registros contábeis de bancos (...) provocou uma maciça relutância de emprestar a eles [aos bancos] (...). Alguns dos pilares da competição de mercado falharam", Greenspan.
"Eu e outros estávamos enganados quando dissemos que a crise do "subprime" seria limitada." Ben Bernanke, presidente do Fed, o BC dos EUA, semana 25 de novembro. "Tudo era só uma grande mentira", frase atribuída a Bernard Madoff, que a teria dito em dezembro a sócios, "revelando" a fraude de US$ 50 bilhões. Madoff, 2007: "No ambiente regulatório de hoje, é virtualmente impossível violar regras". "Sabe, sou o presidente [nesse período de crise]. Mas acho que, quando escreverem a história deste período, as pessoas vão ver que um monte de decisões foi tomado em Wall Street há uma década, por aí, antes que eu fosse presidente, quando eu estava chegando ao governo", George Bush, 1º de dezembro.
vinit@uol.com.br
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Referências:
Artigo publicado na folha de S.Paulo, seção: Dinheiro, p. B3 de 02 de Janeiro de 2009, disponível no site: http://www.folha.com.br em 03/01/2009, 00:18hs. Todos os créditos à Folha de S. Paulo e ao autor do artigo.
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