domingo, 29 de novembro de 2009

Buffon: História Natural

O excerto abaixo foi retirado da obra de Rousseau, na coleção os Pensadores. Nesta nota o tradutor aproxima o pensamento de Rousseau do Conde de Buffon. É interessante observar que o homem civilizado, adentrado ao meio social recebe um véu que recobre sua verdadeira essência. Este processo faz perecer a doçura e bondade recebidas da natureza.

O homem selvagem [quando mencionado selvagem, considerar homem primitivo] é, de todos os animais, o mais singular, o menos conhecido e o mais difícil de descrever; mas ou nós distinguimos o que só a natureza nos deu daquilo que nos comunicaram a educação, a imitação, a arte e o exemplo, ou, então, confundimo-los tão bem que não seria de espantar que desconhecêssemos inteiramente o retrato de um selvagem caso nos fosse apresentado com as verdadeiras cores e os únicos traços naturais que devem formar-lhe o caráter... Um selvagem absolutamente selvagem... seria um espetáculo curioso para um filósofo; poderia, observando seu selvagem, avaliar com exatidão a força dos apetites da natureza; nele veria a alma a descoberto; nele distinguiria todos os movimentos naturais e, talvez, nele reconhecesse mais doçura, tranquilidade e calma do que na sua alma; talvez visse, claramente, que a virtude pertence mais ao homem selvagem do que ao civilizado e que o vício só começou a nascer na sociedade. (BUFFON, História Natural, Variedades na Espécie Humana, 1749)
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Referências:
BUFFON, Georges-Louis Lecler, barão de. História Natural. 1749. trecho citado em nota de rodapé na obra de Rousseau, Discurso sobre a Origem e Os Fundamentos da Desilgualdade entre os Homens. série Os Pensadores, ed. Nova cultural, São Paulo: 1999.

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