Ninguém; talvez, nenhum dos seres que movam-se ou rastejam na face da Terra, sofre tanto quanto o Homem. Dentre o último, o cético, talvez, seja o que mais sofra.
“(...)O tormento do cético externa-se na eterna busca, na certeza de sua incompletude. Alguns atribuem virtude a estes espíritos. De uma forma ou de outra são eles que movem as pás do moinho da existência. Sobretudo, aqueles dotados da virtude da humildade, busca altruística da recompensa no auxílio aos seus semelhantes. No entanto, nada aplaca a carnificina que vivem interiormente, nada é capaz de encher-lhes o cantil de água ou tocar-lhes os lábios sedentos.”(HENRIQUE, João. Antropociência da Psiquiatria e saúde mental – vol 1 – O homem atormentado, 1998, p. 125).
O cético é como o caminhante errante a vagar pelo leito seco de um rio, outrora caudaloso, tendo como companheira a solidão e como algoz o sol escaldante que jamais se põe desfigurando as faces destes peregrinos.
Embora as sombras desvaneçam à luz do ceticismo, a perspectiva que muitos encontram no perscrutar da ciência, sobre o mundo que os cerca, também não arrefece os sofrimentos de tão fatigados mendigos.
O que levou então tantos a pensarem? Descartes, por exemplo, o homem é racional sua vida é o seu cogito. Para Hobbes, o homem é como um relógio e Deus o relojoeiro, basta que o relojoeiro aponha as peças em suas devidas órbitas e dê a corda. Em Hegel, o homem é um ser de pensamento. Marx, por sua vez, proclama o homem como um ser de necessidades. Os iluministas, a razão é soberana, daí o homem é um ser racional. Kant vê o homem do seu ponto de vista e põe fim ao ser transcendental, a impossibilidade do algo metafísico.
Para Rousseau, contra a corrente iluminista do século XVIII, o homem que pensa é um ser degenerado, quebrou a harmonia do seu ser (espírito e corpo) com a razão e o pensamento.
Segundo A. Schopenhauer, ser é padecer. A morte é como a fera que brinca com sua presa antes de devorá-la. A vida não passa de uma vontade de representação.
O que levaria um inseto com o abdômen dilacerado mover-se desesperadamente atrás de comida? O que pensar das nossas brincadeiras de criança quando das primeiras chuvas da primavera irrompiam legiões de insetos alados (siriricas e tanajuras), os quais, por brincadeira, perfurávamos-lhes o abdômen com um raminho de madeira e elas continuavam a vibrar freneticamente suas asas, como se voassem, livres ao seu destino, até não poderem mais?
Há muitos sentidos para a vida, porém, ela não tem nenhum, não apodera-se de nenhum. Tudo o que vemos, conhecemos e sentimos está dentro de nós e não fora. Pois, o que está fora é-aquilo-que-é, mas, dentro de nós transforma-se no é-o-que-pensamos-que-é. O que está fora pode ou não ser “real”, na medida que, não podemos conhecer a existência de seu ser, saber o que são; logo, não podemos afirmar que há uma “realidade” fora de nossos cérebros. Se houver algo, não poderá ser compreendido, pois, não terá nenhum sentido, e, se, puder, talvez, não seja possível de ser explicado.
A vida é parte deste cosmo não passa de uma ilusão, uma vontade de se sobrepor às barreiras. Mas, o triunfo da vida é a morte. Do nada ao nada, diz a teoria mal interpretada, dos existencialistas: niilistas.
Por Joandre O. Melo.
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(*) Imagem disponível em: http://www.guiame.com.br/images_materia/materia/j_3138.jpg, 25.08.2011 22:52h
Esse post está demais.
ResponderExcluirMe emocionei, e fiquei pensando que temos tanto a agradecer a Deus, até o ar que respiramos...tudo, sem mais palavras.
Linda e verdadeira a imagem tão triste... Que contraste!
sensacional
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