quinta-feira, 7 de julho de 2011

Melancolia I


A vida escorre por entre dias alígeros sobrepondo-se uns aos outros independente da nossa vontade. Chronos é impiedoso para com todos. Porém, existem aqueles dias melancólicos que parecem durar um vida inteira. Debalde, tentamos vencê-los, entretanto, como fantasmas, teimam em nos aterrorizar. Vão dilacerando nosso espírito, inculcando-lhe memórias de amargas renúncias. Parecem derramar , com sórdido prazer, lágriams de vis carpideiras. Só nos permitem as lamúrias de ter que passá-los todo e por inteiro até o último segundo de escárnio...

As noites são negras e os dias desenrolam-se em sombras; pássaros noturnos trinam ao meio dia, animais da noite caçam ao amanhecer, o crepúsculo pinta o céu de escarlate e a terra devolve-lhe como se sangrasse...

É a hora da borboleta negra alçar seu voo silencioso sobre o pântano de lama parda, as tulipas negras a balançar com o solitário e gélido vento do norte e a relva queimada com a geada do carrancudo inverno...

É tudo tão triste, estou tão só, tenho por companheira nada além da dor lancinante rasgando minh'alma, dilacerando meu coração humano. Tão distante do céu e tão perto do inferno.  Eu perdi a minha vida e esqueci de morrer...

Estes são dias que o lobo viverá depois que deixou despertar o homem aprisionado dentro dele...

Por Joandre Oliveira Melo

2 comentários:

  1. Sim, dias como esse parecem durar uma vida inteira... Mas nos conforta saber que eles passam, não é mesmo?
    Gde abraço!

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  2. Dor que sangra meu coração, que teima em continuar batendo pelos motivos errados. Como vc mesmo diz mais perto do inferno. Também perdi minha vida no dia 08/01/2011, não sabia que seria eternamente.

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