quinta-feira, 29 de março de 2012

Fragmentos I


No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói da nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a Índia Tapanhumas pariu uma criança feia. Esssa criança é que chamaram de Macunaíma.

Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:

        -- Ai! que preguiça!...

e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força do homem.

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Referências bibliográficas:
ANDRADE, Mário. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Agir, 2008,p. 13.
(*) Imagem disponível em: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSrmnozPxX0Y54Q0oqtfD5OeeorImBL5-fFOnMl0G24l2CXpQcXACemcS18Wj0QPOdnGIL4rKY_y7x5k-KLvhvutyvSUmijF9e9mD4fFjnlpxXboXvWQIv9geOl6uvsKWDJ2RwUwV9N5w/s1600/mario_andrade_macunaima.jpg, 29.03.2012 223:20h

2 comentários:

  1. Querido, só mesmo a genialidade de Mario de Andrade para criar um personagem tão singular como Macunaíma.
    Parabéns pelo post!
    Tenhas um lindo final de semana.Bjs Eloah

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