[Bom menino]
- Desejo você –
sussurrei-lhe no ouvido, mordiscando a ponta da orelha. – Você está mais
bonita do que nunca, peruanita. Quero você, desejo você com toda a
minha alma, com todo o meu corpo. Nesses quatro
anos, não tenho feito outra coisa senão sonhar com você, amar e desejar
você. E também amaldiçoar. Todo santo dia, toda noite, sem faltar um
dia.
[retrucou a menina má]
- Você deve ser a última pessoa no mundo que ainda diz essas coisas às mulheres. – Que breguices você diz, Ricardito!
[Bom menino]
- O pior não é dizer. O pior é que as sinto. São verdade.
Foi só vê-la para
reconhecer que, mesmo sabendo que qualquer relação com a menina má
estava condenada ao fracasso, a única coisa que eu realmente desejava na
vida, com a mesma paixão que outros dedicam a
perseguir a fortuna, a glória, o sucesso ou o poder, era ela, com todas
as suas mentiras, suas confusões, seu egoísmo e seus desaparecimentos.
_________________________
Referências:
VARGAS LLOSA, Mario. Travessuras da menina má. Trad. Ari Roitman e Paulina Watht. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2010 pp. 128 e 130
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradeço pelo seu comentário.