quinta-feira, 24 de maio de 2012

Nunca será uma história acabada...

Não, não, era uma história superacabada. Desde aquela noite não tive mais nenhuma relação sexual e, na verdade, o assunto não me preocupava em absoluto. Aos meus 47 anos tinha chegado à conclusão de que um homem pode levar uma vida perfeitamente normal sem fazer amor. Porque minha vida era bastante normal, embora vazia. Trabalhava muito e fazia bem o meu trabalho, para preencher o tempo e receber um salário, não porque me interessasse -- isso já era coisa rara --, e mesmo os meus estudos de russo e a quase infinita tradução dos contos de Ivan Bunin, que eu desfazia e refazia, eram atividades mecânicas, que só muito de vez em quando me pareciam divertidas. Mesmo o cinema, os concertos, a leitura, os discos eram apenas maneiras de ocupar o tempo e não atividades que me entusiasmassem, como antes. (...) eu perdera as ilusões que fazem da existência algo mais do que uma soma de rotinas. Às vezes me sentia um velho.(VARGAS LLOSA, Mário. As travessura da menina má. p. 218)
____________________________________
Referências:
VARGAS LLOSA, Mario. Travessuras da menina má. Trad. Ari Roitman e Paulina Watht. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010 p. 218.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradeço pelo seu comentário.