Conforme
prometemos no artigo anterior, abordaremos as “Questões” levantadas e
consideradas como concorrentes na transição do Império para a República no
Brasil.
A
“Questão Religiosa” ou “Questão dos Bispos” foi um embaraçoso acontecimento
ocorrido entre a Igreja e o Império. Em retaliação ao discurso festivo do Padre
Almeida Martim proferido em 1872 na sede da Maçonaria em favor da lei do ventre
Livre de 16 de abril de 1872 – a qual declarava livre todo recém nascido de
mulheres escravas – os Bispos do Pará D. Antônio de Macedo Costa e de Olinda, D.
Fr. Vital Maria Gonçalves de Oliveira agem rápida e arbitrariamente afastando
os padres da maçonaria, além de impedir a celebração de missas encomendadas
pelos maçons e excluindo-os das irmandades religiosas. O caso alcançou as
esferas do governo e chegou até o Papa.
Após pedido de
reconsideração, por parte do Império, o
Papa se pronunciou em favor de manter a suspensão, porém, os Bispos foram
julgados e condenados a 4 anos de encarceramento, sendo os prelados presos. O
ministério de Caxias sucedendo o anterior na administração pede e consegue a
anistia dos prelados. No entanto, abalam-se as relações entre a Igreja e o
Império; no julgamento popular, segundo Pedro Calmon, condenou-se “(...)incorruptíveis prelados ao ‘regalismo’
exagerado”(CALMON, Pedro. História da
Civilização Brasileira. Brasília: Senado Federal, 2002. p. 243).
A dissolução
do Ministério Liberal de Zacarias – como relatado anteriormente alternavam-se
no poder Liberais e Conservadores – que gozava de grande aceitação popular foi,
na visão de Fernando Henrique Cardoso e Pedro Calmon, genitor do movimento
republicano. A crise política intensificou-se após a queda do Ministério de
Zacarias, por volta de 1868, sucedeu-lhe Ministérios sem sucesso.
Gradativamente outro elemento na crise do Império vai se formando.
No início da
década de 70, com a aprovação da lei do ventre livre, começa a corromper uma
das bases de sustentação do Império: A escravidão. Adiantando-se na década de
70 e 80, aumenta a pressão para a libertação total dos escravos. No Ceará a
abolição acontece, os senhores de terras se enfurecem com o governo. Em 1888 é
deferido o golpe final. Com a abolição os senhores de terras, principalmente no
Norte, levantam-se contra o Império. Uma indenização é cogitada por eles. O
trabalho rural desorganiza-se e com ele o Império.
A crise do
Exército ou “Questão Militar”, será importante na trama para solapar o poder do
Império, argumenta Pedro Calmon. Em primeiro lugar, a influência ideológica do
Positivismo, doutrina disseminada na escola militar, principalmente entre os
militares de baixa patente, que alimentava indisposições com os Ministérios do
regime monárquico. Proposto e fundamentado por August Comte (1798-1857) no
início do século XIX, o Positivismo primava pela racionalidade e esmero
científico na constituição e condução das instituições políticas e, não era bem
essa posição do Imperador diante do quadro político. Além disso, inculcava-lhes
a liderança forte republicana que encontraram no país vizinho (o Paraguai) por
época do confronto com este. O descontentamento com o próprio Imperador, D.
Pedro II, que diferentemente do seu pai, D. Pedro I, era mais devotado às
letras e às ciências que à beligerância. Alguns políticos chegaram a cogitar a
dissolução das forças armadas por entre períodos de paz.
Como lutaram
bravamente na Guerra do Paraguai, os militares retornam ao Brasil desejosos por
participar da vida política do país pelo qual lutaram, mas esse direito
era-lhes negado.
Estava assim,
configurado todo o cenário para a deposição da ordem vigente; as diferenças com
a Igreja, o enfraquecimento político do Imperador que já não conseguia
equilibrar os ânimos das elites, as queixas dos senhores de terras com a
libertação dos escravos e, por último, mas não menos importante o
descontentamento dos militares com o Imperador e sua atuação.
Diante desses
fatos, alie-se uma elite poderosa, os cafeicultores, já muito rica e que
demandava de uma nova ordem para que pudesse desenvolver-se e lucrar mais,
sendo que a ordem atual (Império) tornara-se um entrave para o desenvolvimento
dessa empresa.
Tudo
conspirava contra o Império, uma nova ordem acena no horizonte: a República.
Essa nova forma de governo que proliferava em todo continente Americano cairá
como uma luva aos interesses das elites descontentes e, mais ainda, aos
interesses de um Exército ávido e doutrinado para tomar o poder.
Nos meses que
antecederam ao dia 15 de novembro de 1889, uma movimentação “revolucionária”
tomou conta dos militares, cheirava a conspiração. Na véspera do dia 15,
impaciente com os acontecimentos, o Major Solon espalha a notícia, segundo
Calmon falsa, de que fora deliberada a ordem para prender Deodoro da Fonseca e Benjamin
Constant (professor e principal doutrinador da academia militar). A notícia foi
a faísca que acendeu o estopim e fez explodir o movimento. Na fatídica manhã do
dia 15 de novembro de 1889, enquanto o Imperador veraneava em Petrópolis, os
militares, tendo à frente Deodoro, marcharam fortemente armados para o Campo de
Santana apesar do Ministério que ali estava esboçar alguma resistência, esta
foi logo contida e o general Deodoro entrou por entre os portões do quartel
General aplaudido pelos militares que o seguiam. Após longo diálogo entre o Visconde
de Ouro Preto, principal articulador do Império, e o general Deodoro, estava
tomado o poder, o Império havia sido deposto e a nova ordem Republicana tomava
as rédeas da nação brasileira. O imperador, D. Pedro II, e sua família são
obrigados a deixar o Brasil e, sem levar praticamente nada, partem rumo à
Europa.
Estava deposto
o Império, nascia a República Federativa do Brasil, a qual seria, alguns anos
mais tarde, a coroação dos interesses das elites cafeeiras e que sofrerá o
golpe de 1930, com Getúlio Vargas.
De acordo com
Calmon, Aristides Lobo, que observou os acontecimentos da época, proferiu as
seguintes palavras: “O povo assitira
bestializado, atônito, sem conhecer o que siginificava”(CALMON, Pedro. História da Civilização Brasileira”. Brasília:
Senado Federal. p. 287).
Destarte, nasceu a República no Brasil tendo um
militar no poder, considerado “Generalíssimo” e nenhuma participação do povo.
Ironicamente, um regime que deveria ser a manifestação popular não passou de
uma movimentação das forças militares apoiadas por uma elite devotada em manter
seus interesses.
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Referências
Artigo publicado no Jornal Diário em 05 de novembro de 2007. Escrito por: Joandre Oliveira Melo, integrante do grupo Mesopotâmia Mineira:
Projeto
Mesopotâmia: Geraldo F. Fonte Boa
(Professor da FAPAM e Coord. do Projeto. E-mail: phonteboa@gmail.com.br), Flávio M. S. (Coord.
Curso de História FAPAM. HP: www.nwm.com.br/fms), Ana Maria Campos (MUSPAM); Professores formados em
História na FAPAM: Alaércio Delfino, Alfredo Couto, Damary de Carvalho, Geraldo
Rodrigues, Hoffman Elias e Joandre Oliveira Melo. Aluna do curso de
História/Fapam: Isabel Moura. Site FAPAM: www.fapam.edu.br
Olá Boa tarde!
ResponderExcluirVocê está entre os 200 amigos em meu cantinho preparei um selinho pra você passa lá para pegar.
Fique com Deus!!!
Ione Viana
http://gospelcantinhodaione.blogspot.com.br/2013/02/uhuuuuu-completou-200-amigos.html