Proclamação da República - Na visão dos políticos de Pará de Minas no século XIX

Abordamos em dois artigos anteriores o processo de implantação da República no Brasil; analisamos o contexto, o processo e as questões que, no trabalho de conclusão do curso de História citado, proporcionaram ou, pelo menos, contribuíram para o acontecimento.

Nesse artigo abordaremos a visão dos políticos de Pará de Minas, do século XIX, através da transcrição de uma referência constante na ata do “Conselho de Intendência Municipal” de 15 de novembro de 1890, alusiva à comemoração de um ano da Proclamação da República no Brasil. Abaixo segue a transcrição.

(...) Propõe o cidadão presidente [em exercício] ao Conselho [de Intendência Municipal] que havia convocado esta reunião extraordinária para o fim de dirigir o Conselho uma mensagem ao iminente cidadão que dirige há um ano os destinos desta auspiciosa República, e que, sendo este um dos maiores dias nacionais, não era lícito que este conselho destoando do caso unânime que hoje levanta-se para felicitar a libertação da pátria brasileira, se conservasse insensível ao fato de tão alta significação, sendo esta idéia entusiasticamente aceita, o Sr. Presidente apresentou redigida a mensagem que se segue, a qual sendo unanimente aprovada, foi por todos assinada.Generalíssimo, no faustoso dia de hoje em que, a alma nacional entusiasmada e frenética, solenisa o primeiro aniversário da proclamação da República, corolário da (...) revolução de 15 de novembro, este conselho de Intendência, fiel intérprete dos sentimentos de seus munícipes, hoje reunido em sessão extraordinária para comemorar esta data gloriosa, início das liberdades pátrias, não podia deixar de dirigir-vos uma mensagem que, embora sucintamente, exprimisse os sentimentos de respeitosa homenagem à vossa veneranda pessoa que, em momentos tão críticos para a vida do país, e, só ouvindo a voz sagrada do patriotismo, tomou sobre seus ombros a pesada responsabilidade da gestão dos públicos negócios da nascente república que, sob vosso sábio governo, tem sabido conquistar galhardamente o lugar que lhe compete no convívio das nações cultas. Dignai-vos, pois, Generalíssimo, aceitar os sinceros protestos de subido apreço elevada simpatia e franca adesão que o mesmo conselho vos tributa.
Saúde e fraternidade.Izaltino Dias [Presidente em exercício]
Fernando Otávio da Cunha Xavier [Secretário]
Theophilo Alves Ferreira [intendente]
João José de Oliveira Junior [Adjunto]
Sala das sessões do Conselho de Intendência Municipal da Cidade do Pará, Estado de Minas Gerais, 15 de novembro de 1890
Ao inclito GeneralíssimoManoel Deodoro da FonsecaChefe do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil

(Livro 3º das atas do Conselho de Intendência do Município do Pará. De 22.02.1890 a 07.03.1892).

           

Aqui terminamos a série de artigos sobre o episódio da Proclamação da República; advertimos que a abordagem foi extremamente simplista, diante da complexidade do ocorrido, devido ao reduzido espaço e por se tratar de assunto técnico do escopo da historiografia. Ressaltamos que, a abordagem ora apresentada trata-se de um trabalho de pesquisa realizado de parâmetros pré-definidos submetendo os dados a uma ordenação ideológica, ou seja, dentro de uma visão apenas – a visão do pesquisador – cabendo assim, outras análises e interpretações.

___________________
Referências

Artigo publicado no Jornal Diário em 12 de novembro de 2007. Escrito por: Joandre Oliveira Melo, integrante do grupo Mesopotâmia Mineira:

Projeto Mesopotâmia: Geraldo F. Fonte Boa (Professor da FAPAM e Coord. do Projeto. E-mail: phonteboa@gmail.com.br), Flávio M. S. (Coord. Curso de História FAPAM. HP: www.nwm.com.br/fms), Ana Maria Campos (MUSPAM); Professores formados em História na FAPAM: Alaércio Delfino, Alfredo Couto, Damary de Carvalho, Geraldo Rodrigues, Hoffman Elias e Joandre Oliveira Melo. Aluna do curso de História/Fapam: Isabel Moura. Site FAPAM: www.fapam.edu.br