O século XIX, mais precisamente em sua segunda metade, foi um período de mudanças
sem precedentes para o mundo. Neste século, fundamentou-se as bases
intelectuais que proporcionaram o grande avanço observado no século XX,
imprimindo uma nova direção no processo histórico mundial.
O Brasil não
veio a reboque, acompanhou as mudanças que ocorriam concomitantemente no mundo.
Talvez, o episódio da Proclamação da República tenha sido o mais importante acontecimento,
para o Brasil, nesse período. Ele representou a ruptura com um regime que
prolongava-se desde a época colonial – obviamente que o processo de
independência, a princípio, pretendia desatar completamente o nó que nos
prendia ao passado como colônia de uma monarquia, porém, mostrou-se tanto
quanto ou mais tradicional e autoritário como o anterior – que culminou no
Império no Brasil, conduzido por um Português, D. Pedro I, que abdicaria ao
trono, mais tarde, em favor de seu filho D. Pedro II.
O império
herdado pelo infante D. Pedro II cairá em 1889, derrubado, em última análise,
pelos militares integrantes do Exército brasileiro.
Concordando
com Nietzsche sobre a tênue existência do fato, a não ser pelas interpretações,
tentaremos abordar a processo que culminou com a implantação do regime
republicano no Brasil. Esse processo, de acordo com as pesquisas para o
trabalho de conclusão de curso do aluno Joandre Oliveira Melo – integrante do
grupo Acervo Documental Mesopotâmia Mineira – apresentado ao curso de História
da FAPAM em 2006, não foi consciente, no início, e, apesar de promover
profundas mudanças na ordem econômica e política do Brasil, não se configurou
como uma Revolução, pelo fato de não ocorrerem mudanças sociais significativas,
ou seja, o povo praticamente esteve alheio ao processo sendo todo ele
conduzido, efetiva e ativamente, pelas elites políticas e pelo Exército.
Para Caio
Prado Júnior (1907-1990), eminente historiador, D. Pedro II desempenhou um
papel secundário no cenário político brasileiro e suas ações eram reflexos das
circunstâncias. Prestava-se, relata o nobre historiador, apenas aos detalhes
burocráticos (PRADO JÚNIOR, Caio. Evolução
Política do Brasil. 1961:p.92) Contentava-se em atender aos apelos do
momento intercalando ministérios Liberais e Conservadores no poder, na
tentativa de equilibrar o jogo político. Na época do Império existiam
basicamente duas forças políticas, ou dois partidos: os Liberais e os
Conservadores. Os Liberais, segundo Francisco Iglésias, mais inclinados à uma
descentralização do poder, autonomia das províncias e, até certo ponto,
contrários ao trabalho escravo. Os Conservadores favoráveis à maior
centralização administrativa e do poder nas mãos do Imperador.
Para Fernando
Henrique Cardoso, na obra “História Geral da Civilização Brasileira – Tomo III
– O Brasil Republicano”, a implantação da República não foi uma mera
“quartelada”; representou uma mudança relativamente profunda no meio social
provocada, principalmente, pela crescente entrada do imigrante trazendo consigo
ideias novas que refletirão em uma “opinião pública”.
De acordo com
as pesquisas do trabalho de conclusão de curso, em epígrafe, três “Questões”
devem ser abordadas, com mais cuidado, para se compreender o episódio da
Proclamação da República. Essas questões serão discutidas no próximo artigo.
___________________
Referências
Artigo publicado no Jornal Diário em 22 de outubro de 2007. Escrito por: Joandre Oliveira Melo, integrante do grupo Mesopotâmia Mineira:
Projeto
Mesopotâmia: Geraldo F. Fonte Boa
(Professor da FAPAM e Coord. do Projeto. E-mail: phonteboa@gmail.com.br), Flávio M. S. (Coord.
Curso de História FAPAM. HP: www.nwm.com.br/fms), Ana Maria Campos (MUSPAM); Professores formados em
História na FAPAM: Alaércio Delfino, Alfredo Couto, Damary de Carvalho, Geraldo
Rodrigues, Hoffman Elias e Joandre Oliveira Melo. Aluna do curso de
História/Fapam: Isabel Moura. Site FAPAM: www.fapam.edu.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradeço pelo seu comentário.