domingo, 31 de março de 2013

A morte absoluta


A Morte Absoluta


Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.

Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão - felizes! - num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.

Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?

Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.

Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."

Morrer mais completamente ainda,
- Sem deixar sequer esse nome.

(Manuel Bandeira)



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Referências


Poema publicado no blog In my darkest dreams by Vane disponível em 31.01.2013 19h:13min.
(*) Imagem publicada junto com o poema em In my darket dreams by Vane; disponível em 31.01.2013 19h:13min.

Um comentário:

  1. Morrer é deixar esse mundo e dormir em outro lugar distante. É deixar esse corpo e ter outro. Joandre obrigada pela visita também já estou te seguindo, fique com Deus beijos.
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