Murmúrios de minha terra
Por Joandre Melo
Vozes enigmáticas do nosso passado fenecem a cada parede abatida,
Cada sobrado que desfalece diante à pá do trator.
A escrita do passado vai se tornando ilegível a cada linha encurtada,
Cada ângulo retorcido, distorcido, aplainado.
E a desdita de nossa história d’antes efervescente,
Cantada em joviais versos e refletida em seu traçado arquitetônico não passa, hoje, de rascunho em opúsculos amarelados.
Será sábio entregar-se ao canto das reluzentes auroras,
Sem compartilhar do recolhimento ao passado de nossa terra, ouvir o murmúrio dos seus espíritos no crepúsculo?
Acho mais sábio render-me a um momento de reflexão perambulando por nossas ruas estreitas,
Surpreendido por esquinas angulosas; perder-me completamente em nossos labirínticos mosaicos.
Refrescar-me em fontes solitárias fincadas no centro de praças bucólicas onde brota água clarinha de bocas felinas.
Sentir o afago gostoso que aquece nossos corações conterrâneos. Compartilhar da visão da velha igreja tombada do som retumbante dos foles.
Esses seriam dias perfeitos, harmoniosos...
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