terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Murmúrios de minha terra

Por Joandre Melo

Vozes enigmáticas do nosso passado fenecem a cada parede abatida,
Cada sobrado que desfalece diante à pá do trator.

A escrita do passado vai se tornando ilegível a cada linha encurtada,
Cada ângulo retorcido, distorcido, aplainado.

E a desdita de nossa história d’antes efervescente,
Cantada em joviais versos e refletida em seu traçado arquitetônico não passa, hoje, de rascunho em opúsculos amarelados.

Será sábio entregar-se ao canto das reluzentes auroras,

Sem compartilhar do recolhimento ao passado de nossa terra, ouvir o murmúrio dos seus espíritos no crepúsculo?

Acho mais sábio render-me a um momento de reflexão perambulando por nossas ruas estreitas,

Surpreendido por esquinas angulosas; perder-me completamente em nossos labirínticos mosaicos.

Refrescar-me em fontes solitárias fincadas no centro de praças bucólicas onde brota água clarinha de bocas felinas.

Sentir o afago gostoso que aquece nossos corações conterrâneos. Compartilhar da visão da velha igreja tombada do som retumbante dos foles.

Esses seriam dias perfeitos, harmoniosos...

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