Através dos séculos, diante de poucas questões a consciência humana foi mais tolerante e o cérebro do homais talentoso do ue em justificar por que os ricos e afortunados devem viver em amena coexistência com os pobres. Aqueles sobre os quais a fortuna sorri - ou assim se diz - seriam os beneficiários naturais de sua própria inteligência superior, da sua diligência, da sua presciência, da sua energia e vigor, do seu tom moral - ou ainda mais dubiamente, ndo fato de terem tido antepassados mais capazes, e portanto mais ricos, e de haverem herdado suas qualidades. Os destituídos seriam vítimas naturais da sua própria preguiça e ociosidade, displicência e irresponsabilidade, procriação incontrolada (a grande justificativa de [David] Ricardo, de Malthus e da economia clássica) ou das suas preferências por um determinado estilo de vida, incluindo uma predileção por dormir em baixo de pontes ou nos gradis das calçadas, como afirmou Ronald Reagan. Ou talvez, por outros motivos, eles seriam, como na frase imortal de George Bernanard Shaw, aqueles "desmerecidamente pobres". No nível mais elevado da racionalização - o de Herbert Spencer e seus discípulos americanos do século passado, os darwinistas sociais - a pobreza é a tendência socialmente terapêutica que elimina os incapazes e os inaptos. Um instinto pelo darwinismo social ainda paira sobre os nossos tempos, em amistosa sociedade com a teologia fundamentalista que sustenta que a propriedade é a recompensa natural de Deus àqueles que são dignos e merecedores. Os pobres, por sua vez, devem se pacificar sabendo que constituema Sua derradeira preferência, porque foram criados por Ele em tão grande número e porque, ao contrário dos ricos, passarão facilmente ao outro mundo para desfrutarem, junto com os humildes, da plena e cabal compensação pelas misérias desta existência. Os textos e sermões relevantes que sustentam esta noção são facilmente obtíveis dos religiosos televisivos e da Maioria Moral.
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Referência Bibliográficas.
GRALBRAITH, John Kennth. A sociedade afluente revista. In.: A sociedade afluente.Trad. Carlos Afonso Malferrari, São Paulo:Pioneira, 1987. p. XXIV-XXV.
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Referência Bibliográficas.
GRALBRAITH, John Kennth. A sociedade afluente revista. In.: A sociedade afluente.Trad. Carlos Afonso Malferrari, São Paulo:Pioneira, 1987. p. XXIV-XXV.
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