O famoso economista Paul Krugman com muita perspicácia escreveu no último dia dois de junho de 2012, artigo traduzido e publicado na Folha de S.Paulo, sobre a expansão e retração dos gastos públicos.
Em tese, como toda a academia já sabe, John M. Keynes escreveu a setenta e cinco anos: "(...)a expansão, não a contração, é o momento certo para a austeridade."
Cortar gastos públicos em períodos de depressão econômica aguda, não é uma boa prática. Obviamente, é o que as famílias fazem, retraindo-se e poupando para os tenebrosos e longos dias que abaterão sobre eles. Contudo, é curioso que ao reprimir a demanda, as famílias colocam em prática um plano maléfico ampliando os efeitos da crise. Observe que nossa renda depende de constantes trocas dentro da dinâmica social; toda a nossa existência depende dessa sequência contínua de trocas. É claro que reter um pouco do que ganhamos nas trocas torna mais saudável a economia do que se trocássemos sem retermos nada. Com o que retemos, aplicados, no setor financeiro, ou seja, em um dos bancos de nossa preferência e nas mais variadas modalidades de aplicações, o governo e as empresas podem capitalizar-se e ampliar a produção ou inovar em produtos ou, ainda, modenizar suas instalações. Ajudará o governo a pagar aos seus funcionários, seus fornecedores, executar gastos sociais (como saúde, bem-estar, entre outros). Quando todas estas trocas ocorrem em um rítmo, frequência e quantidade suficientes, equilibrando-se produção, salários e consumo, toda a engrenagem do sistema capitalista, parece funcionar, pelo menos em tese, sem problemas.
Entretanto, há momentos em que esta harmonia se desfaz; é quando nos vemos obrigados a reter nosso suado dinheiro em detrimento de gastos. Somente o necessário, teoricamente, é gasto para se manter. Este comportamento tende a manter uma liquidez que nos assegurará a sobrevivência ou a manutenção de nosso Status em tempos difíceis. Em tais períodos a propensão à poupança leva-nos ao caos. Para "reformar" esta "deformação da demanda efetiva" os governos deveríam expandir seus gastos até que, seguros o bastante, as famílias e as empresas começassem a gastar e investir respectivamente em níveis salutares, logo a economia retomaria o seu rítmo novamente. Estes ciclos são inevitáveis dentro da lógica capitalista.
Essa, deveria ser nossa posição e de outros perante as crises. Mas, tudo o que divisamos são governos reduzindo aposentadorias, cortando empregos, estacionando obras de cunho social, estancando a saída de dinheiro designado à benfeitorias sociais, ou seja, ocorre o inverso do que se propõe para estes momentos. Parece com o período que estamos vivendo agora.
E as famílias? Por que não gastam? pode ser que não possam gastar, pode ser que estejam tão endividadas que não consigam gastar mais.
Ofertar-lhes créditos abundantes, juros baratos? Parece uma boa! Pode ser, mas, parece mais como laçar os pescoços daqueles desavisados e apertar-lhes o nó da forca. É desesperador!
_________________________Referências:
KRUGMAN, Paul. A agenda da austeridade. In. Folha de S.Paulo: caderno mundo. São Paulo: SP, 02.06.2012.
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