Caro sr. Helio!
Seu artigo "Uma questão de ceticismo" de seis de outubro de 2012, encontrou eco em mim: A astuta comparação sobre o solipsismo e o voto do ministro Lewandowski levou-me a refletir um pouco sobre o assunto acrescentando a frase dita por ele, segundo a Folha de S.Paulo em cinco de outubro de 2012, de que votara "conforme sua consciência".
É sempre bom um homem de consciência (senso comum) -- embora Descartes diga que cada um pensa ter o bastante em bom senso ou consciência para si --, principalmente quando se trata de reconhecer as atribulações alheias. A consciência, como tratamos aqui, revela-se um almofariz onde a sociedade, o sistema ou o mestre, pode depositar aos empurrões conceitos e comportamentos de toda sorte. É um espaço, ou melhor, é a construção subjetiva e pessoal, na maioria das vezes, ideologicamente alterada dos fenômenos exteriores ao sujeito. A sedimentação de valores, costumes, conceitos a priori, sentimentos reforçados pelo hábito, enfim, um sustentáculo à personalidade do sujeito.
Por outro lado, sabemos que a neutralidade "pura", desejo de todo aquele que se dispõe a conhecer algo, não está ao alcance dos nossos processos racionais ou empíricos, o que torna a busca do conhecimento humano algo interminável. No entanto, mesmo sabendo desta falência de nossas capacidades racionais, em alguns momentos, como este em que o ministro Lewandowski encontra-se, não parece indicado uma "imersão" em nossas consciências por mostrar-se, como mencionado acima, um caminho incerto em direção da "verdade" ou da "justiça".
No caso de um julgamento, principalmente onde aquele que julga é um bastião e defensor supremo do contrato magno sob o qual todos nós delegamos nossos direitos essenciais em benefício do convívio social, o jurista experimentado deve, então, recorrer o mínimo à sua consciência, atendo-se exclusivamente aos fatos, dados conclusivos (provas) e aos textos do contrato magno, à luz restritiva da razão e respeito ao consenso do que foi definido como "bom", "lícito" e "justo" à construção de uma sociedade igualitária, sadia e justa com seus cidadãos.
Abraço,
_________________________Seu artigo "Uma questão de ceticismo" de seis de outubro de 2012, encontrou eco em mim: A astuta comparação sobre o solipsismo e o voto do ministro Lewandowski levou-me a refletir um pouco sobre o assunto acrescentando a frase dita por ele, segundo a Folha de S.Paulo em cinco de outubro de 2012, de que votara "conforme sua consciência".
É sempre bom um homem de consciência (senso comum) -- embora Descartes diga que cada um pensa ter o bastante em bom senso ou consciência para si --, principalmente quando se trata de reconhecer as atribulações alheias. A consciência, como tratamos aqui, revela-se um almofariz onde a sociedade, o sistema ou o mestre, pode depositar aos empurrões conceitos e comportamentos de toda sorte. É um espaço, ou melhor, é a construção subjetiva e pessoal, na maioria das vezes, ideologicamente alterada dos fenômenos exteriores ao sujeito. A sedimentação de valores, costumes, conceitos a priori, sentimentos reforçados pelo hábito, enfim, um sustentáculo à personalidade do sujeito.
Por outro lado, sabemos que a neutralidade "pura", desejo de todo aquele que se dispõe a conhecer algo, não está ao alcance dos nossos processos racionais ou empíricos, o que torna a busca do conhecimento humano algo interminável. No entanto, mesmo sabendo desta falência de nossas capacidades racionais, em alguns momentos, como este em que o ministro Lewandowski encontra-se, não parece indicado uma "imersão" em nossas consciências por mostrar-se, como mencionado acima, um caminho incerto em direção da "verdade" ou da "justiça".
No caso de um julgamento, principalmente onde aquele que julga é um bastião e defensor supremo do contrato magno sob o qual todos nós delegamos nossos direitos essenciais em benefício do convívio social, o jurista experimentado deve, então, recorrer o mínimo à sua consciência, atendo-se exclusivamente aos fatos, dados conclusivos (provas) e aos textos do contrato magno, à luz restritiva da razão e respeito ao consenso do que foi definido como "bom", "lícito" e "justo" à construção de uma sociedade igualitária, sadia e justa com seus cidadãos.
Abraço,
Referências
Hélio Schwartsman. Uma questão de ceticismo. In.: caderno Opinião. Folha de S.Paulo. 06.10.2012.
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