terça-feira, 3 de abril de 2012

Fragmentos IV

Cartas pras Icamiabas

Às mui queridas súbditas nossas, Senhoras Amazonas.
Trinta de maior de Mil Novecentos e Vinte e Seis,
São Paulo.

Senhoras:

Não pouco vos surpreenderá, por certo, o endereço e a literatura desta missiva. Cumpre-nos, entretanto, iniciar estas linhas de saudade e muito amor, com desagradável nova. é bem verdade que na boa cidade de São Paulo -- a maior do universo, no dizer de seus prolixos habitantes -- não sois conhecidas como "icamiabas", voz espúria, sinão que pelo apelativo de Amazonas; e de vós, se afirma, cavalgardes ginetes belígeros e virdes da Hélade clássica; e assim sois chamadas. Muito nos pesou a nós, Imperator vosso, tais dislates da erudição, porém heis de convir conosco que, assim, ficais mais heroicas e mais conspícuas, tocadas por essa plátina respeitável da tradição e da pureza antiga.

(...)

Macunaíma, Imperator
___________________
ANDRADE, Mário. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Agir, 2008, p. 13, 97 e 109.
(*) Imagem "Amazonas" disponível em: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9xEs2RaICMfpwbzQrC3Qyoc04gCLvF-eDgR4uOvrlkJocmi_2QFgftooRSfmHxyrf9D9DD5CEutu1anNSbIjFJAsM92zq-0DKU6U-xQSzUZfF9fqdyWvB3g0VrS4zr7Mg6KX-EQJO2qY/s400/amazonas.jpg, 05.04.2012 13:00h

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